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quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Segunda Guerra Mundial



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Pré-história brasileira no Nordeste


Pré-história brasileira em Sergipe
Museu Arqueológico do Xingó preserva o patrimônio de quase 60 sítios arqueológicos e de arte rupestre encontrados no nordeste do país
por Graziella Beting
Por volta de 1985, pesquisadores da Universidade Federal de Sergipe identificaram, na região da cidade de Canindé do São Francisco (a 200 km de Alagoas), vestígios que indicavam a presença humana pré-histórica na região. Na década seguinte, seria construída no local a Usina Hidrelétrica de Xingó. Para proteger esse patrimônio, situado na área que provavelmente seria inundada com a construção da represa, foi lançado um grande projeto de salvamento arqueológico, que durou dez anos.

O resultado do levantamento foi a descoberta de 42 sítios arqueológicos e 16 de arte rupestre apenas nessa região do baixo São Francisco, testemunhos de 9 mil anos de ocupação humana. Com todo esse acervo reunido, em 2000 a Universidade Federal de Sergipe criou o Museu Arqueológico do Xingó (MAX). São cerca de 55 mil peças, entre vestígios cerâmicos, instrumentos líticos, adornos em osso, restos alimentares e mais de 200 esqueletos humanos. Hoje a instituição recebe mais de 30 mil visitantes ao ano.

O MAX (site oficial aqui) mantém uma exposição permanente, apresentando destaques de seu acervo e os principais resultados de pesquisas realizadas pela instituição, além de mostras temporárias de curta duração.

Cemitérios: fontes potenciais de contaminação


Cemitérios: fontes potenciais de contaminação

Artigo discute poluição do solo e de águas subterrâneas com substâncias oriundas de cadáveres
Por: Robson Willians da Costa Silva e Walter Malagutti Filho
Publicado em 15/09/2009 | Atualizado em 11/06/2010




 

Muitos cemitérios brasileiros foram implantados quando não existiam leis ambientais específicas e terão que se adaptar às novas normas (fotos: Cícero Rodrigues).

A falta de medidas de proteção ambiental no sepultamento de corpos humanosem covas abertas no solo, ao longo dos últimos séculos, fez com que a área de muitos cemitérios fosse contaminada por diversas substâncias, orgânicas e inorgânicas, e por microrganismos patogênicos. Essa contaminação ocorre quando os cemitérios são implantados em locais que apresentam condições ambientais desfavoráveis. No Brasil, ainda não existe uma política eficiente de planejamento e de gestão ambiental dos cemitérios, principalmente os públicos.

O sepultamento de cadáveres gera fontes de poluição para o meio físico, e por isso deve ser considerado como atividade causadora de impacto ambiental. No entanto, apesar da existência de alguns relatos em Berlim (Alemanha) e Paris (França), na década de 1970, apontando o posicionamento dos cemitérios em relação a fontes de água, como lençóis freáticos e nascentes, como uma das causas de epidemias de febre tifoide, esses locais nunca foram incluídos entre as fontes tradicionais de contaminação ambiental.

As pesquisas sobre esse tema são recentes. Em 1995, o hidrogeólogo Boyd Dent, da Universidade Tecnológica de Sidney (Austrália), constatou, em estudo no cemitério da cidade australiana de Botany, aumento da condutividade elétrica e da concentração de sais minerais em águas subterrâneas próximas de sepultamentos recentes.

No Brasil também há estudos sobre contaminaçãode cemitérios. Desde o final da década de 1980, o hidrogeólogo Alberto Pacheco, da Universidade de São Paulo, realiza estudos sobre a contaminaçãonos cemitérios paulistas de Vila Nova Cachoeirinha e Vila Formosa. Em um cemitério de Santos (SP), a água subterrânea próxima a sepultamentos recentes apresentava alta condutividade elétrica e íons de cloreto e nitrato, além de bactérias e vírus.

Contaminação do subsolo 
Outro pesquisador brasileiro, o geólogo Leziro Marques Silva, da Universidade de São Judas Tadeu, em São Paulo, investigou a situação de 600 cemitérios do país (75% municipais e 25% particulares) e constatou que de 15% a 20% deles apresentam contaminação do subsolo pelo necrochorume, líquido formado quando os corpos se decompõem. Cerca de 60% dos casos foram observados em cemitérios municipais. A contaminação é detectada por análises físicas, químicas e bacteriológicas de amostras de água do lençol freático sob os cemitérios ou em suas proximidades.

No Cemitério de Vila Rezende, em Piracicaba (SP), uma pesquisa realizada pelo primeiro autor deste artigo (em seu mestrado, orientado pelo segundo autor) mostrou que as condições do solo desfavorecem a filtração do necrochorume e facilitam a inundação das covas. Foram localizadas duas ‘plumas’ decontaminação, como são chamados os contaminantes dissolvidos no solo, uma delas estendendo-se para fora dos limites do cemitério.

O estudo constatou que a contaminação tem ligação com a profundidade do nível freático e com o tempo de sepultamento, e sugeriu ao administrador do cemitério (a Prefeitura de Piracicaba) a instalação de seis poços de monitoramento para o controle da contaminação. O segundo autor também coordena estudo semelhante no Cemitério São João Batista, em Rio Claro (SP).


Robson Willians da Costa Silva
e Walter Malagutti Filho 
Departamento de Geologia Aplicada,
Universidade Estadual Paulista (Rio Claro, SP)